O ensino da música em sete notas
A lei que prevê o
ensino de música nas aulas de Arte já está em vigor. Tarefa para especialistas?
Nem sempre. Ouvidos atentos ao que você precisa saber para garantir a formação
básica no assunto
Música na escola já é uma realidade?
Segundo a Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que obriga o ensino desse
conteúdo nas aulas de Arte, sim. Além de contribuir para a socialização das
crianças e aproximá-las de manifestações da cultura, aprender música dá a
chance de conhecer mais sobre a expressão por meio dos sons e desenvolver
habilidades como o canto, a execução instrumental, a audição e a improvisação
sonora. Mas você sabe como trabalhar isso nas séries iniciais mesmo não sendo
um especialista na área? Para ajudar você a planejar suas aulas, respondemos a
sete dúvidas sobre o tema.
1 O
que não pode faltar no planejamento das aulas de música?
Atividades de audição (familiarização
com diferentes ritmos e estilos), percepção (de variações de sons e de timbres
dos instrumentos), movimento corporal (dança e gestual) e experimentação (de
instrumentos, de canto etc.) devem fazer parte da rotina. Propiciar diferentes
vivências para as crianças é muito importante para que elas compreendam a música
como uma linguagem dotada de sentido e associada à cultura de cada época. Até o
fim do 1º ano, é importante que todos aprendam as diferenças entre grave-agudo,
forte-fraco e lento-rápido, conheçam alguns instrumentos, consigam marcar o
pulso (a unidade de tempo que compõe o compasso, a "batida" da
música) e saibam cantar melodias simples. A partir do 2º ano, quando os alunos
já são capazes de ler com fluência, é possível trabalhar melodias um pouco mais
complexas no canto.
2 Devo
ensinar notação musical para os alunos?
Não, pois não é um conteúdo fundamental
para as séries iniciais. Antes de ensinar a escrita musical, os estudantes
precisam saber por que precisam das notas. Uma ação possível é combinar com a
turma uma escrita simplificada. Você pode, por exemplo, desenhar uma sequência
de bolas e quadrados, em que as bolas pintadas indicam silêncios, as bolas sem
preenchimento significam uma palma e os quadrados indicam duas batidas seguidas
com os pés no chão.
3 Como
escolher o repertório adequado?
Abra espaço para que as crianças tragam
as músicas que conhecem e sirva como mediador para que elas entrem em contato
com cantigas de roda, parlendas e canções do folclore. As aulas não devem ser
pautadas exclusivamente com base em datas comemorativas ou em canções de
comando, como "meu lanchinho...".
4 Não
sou formado em Música. Posso cantar ou tocar?
Se souber, sim. Nos anos iniciais, a
perfeição formal não é tão importante - vale mais ajudar a turma a identificar
os conceitos básicos em uma música do que dedilhar um piano perfeitamente. Para
quem não toca, uma alternativa é recorrer a CDs e a gravações em MP3 com o som
dos instrumentos de verdade.
5 Não
temos instrumentos. E agora?
Uma conversa com o gestor para incluir
no planejamento financeiro da escola a aquisição desses objetos é sempre
válida. Instrumentos de verdade são uma ferramenta preciosa para demonstrar
melodias. Uma alternativa, contudo, é construir instrumentos com a turma,
sobretudo os de percussão. Chocalhos de garrafas e grãos, tambores de lata e
feltro, ou clavas feitas com colheres de pau produzem variações sonoras
interessantes.
6 Quando
inserir as atividades de música na rotina?
"Semanalmente, em duas aulas de,
no mínimo, meia hora", diz Ana Elisa Medeiros, professora das escolas
See-Saw e Aubrick, em São Paulo. Para Vivian Barbosa, da Alecrim Dourado
Formação Musical, em Curitiba, a boa aula começa com a audição de uma música
tranquila, seguida das atividades de percepção e das vivências de canto e
percussão.
7 Posso
aliar a música à dança ou ao desenho?
Propor sequências de movimentos ou
desenhos que representem os sons são boas pedidas, desde que até o fim do 2º
ano as crianças dominem os conceitos de variação de altura e intensidade
sonora, conheçam os timbres dos instrumentos e marquem o pulso nas melodias.
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