As bases para o ensino de música
A partir do levantamento sobre as práticas
pedagógico-musicais , percebe-se que são várias as formas de realizar o ensino
de música. Essas formas parecem ter relação com os diferentes contextos. A
música no contexto da educação infantil adquiriu respaldo oficial quando foi
incluída na proposta do RCNEI e em propostas estaduais e municipais. Isso
parece demonstrar que o documento não atingiu aos seus propósitos, isto é,
servir de referência para os professores que estão em sala de aula. Vários
motivos podem estar envolvidos no desconhecimento dessa proposta. Dentre eles,
a forma de divulgação do documento, a linguagem utilizada, a formação musical
das professoras para entender a proposta de música e a estrutura do documento,
a qual pode levar as professoras a pensar em um trabalho por disciplinas. Os
argumentos utilizados pelas professoras para justificar a importância da música
nesse nível de ensino são vários, com base nos quais elas atribuem à música
diferentes funções. Esses argumentos foram analisados tomando-se como
referência as categorias construídas por Souza et al. (2002), a dizer: música
como terapia, música como auxiliar no desenvolvimento de outras disciplinas,
música como mecanismo de controle, música como prazer, divertimento e lazer,
música como meio de transmissão de valores estéticos, música como meio de
trabalhar práticas sociais e valores e tradições culturais dos alunos e música
como disciplina autônoma. Quando concebida como terapia, a música seria uma
forma de tranquilizar as crianças e de “integrar os sentimentos dos alunos como
parte do trabalho pedagógico, além de desenvolver aspectos expressivos e
afetivos de suas vidas considerados negligenciados” (Souza, et al., 2002, p. 60).
Para essa faixa etária a música acontece diariamente, é lúdico, tranquiliza, as
crianças se expressam com naturalidade e envolvimento. Com música a vida fica
bem melhor e o trabalho com música na educação infantil é rico e atinge todos
os níveis e faixas etárias, desenvolve a expressão, a autoestima e o
autoconhecimento. “Vida é música.” A música como auxiliar de outras disciplinas
é a “tendência de usar a música como uma atividade que serve para ilustrar ou
clarificar assuntos de outras disciplinas e atividades curriculares” (Souza et
al., 2002, p. 61-62). Nessa perspectiva, ela poderá ser utilizada como auxiliar
em outras áreas de conhecimento, assim como nas tarefas rotineiras da educação
infantil.: A música faz parte da vida e do contexto da educação infantil e é
aproveitada em todos os momentos da rotina, desenvolvendo as áreas do
conhecimento. Por proporcionar prazer nas crianças e educador, a música é
utilizada em todos os momentos da rotina diária, não só como meio de percepção
musical, mas no desenvolvimento da linguagem, expressão e ritmo, entre outros.
Beyer (2001, p. 46) salienta que, nesses casos, a música é considerada
“importante coadjuvante”, sendo “utilizada para que [as crianças] aprendam os
conteúdos propostos mais rapidamente”, o que, para a autora, não significa,
necessariamente, educação musical. Algumas professoras também afirmaram que a
música, na educação infantil, poderia ser utilizada para a formação de hábitos.
Para Souza et al. (2002, p. 65), baseadas em Tourinho (1993b), a música, nesses
casos, é “concebida como um meio de controlar comportamentos, porém de uma
forma mais amena”. Compreendo que, através da música, conseguimos aprender,
organizar, poder de integração e trabalho físico, pois realizamos movimentos
ritmados. Beyer (2001) destaca que o uso da música como forma de organizar as
crianças é comum nesse nível de ensino. Segundo Barbosa (2000, f. 158), “uma
estratégia muito utilizada nas rotinas para fazer essas transições entre as
atividades é a de utilizar as canções”. A autora destaca que, de acordo com a
música que a professora começa a cantar, as crianças “sabem que é hora de
interromper o que estão fazendo e mudar de atividade” (Barbosa, 2000, f. 158).
Segundo ela, há um vasto repertório de canções que são ensinadas às crianças e
que têm como finalidade marcar a transição entre as atividades. Ela destaca
ainda que os tempos de transição são, normalmente, pouco pensados pelos
educadores, embora contemplem uma questão importante que é o atribuir uma
significação aos acontecimentos, isto é, retirar as atividades de um rol de
ações fragmentadas para um contínuo. É preciso compreender como uma atividade
articula-se com a outra, como uma atividade iniciada hoje pode ser
complementada amanhã se for necessário mais tempo para a sua execução do que
fora anteriormente planejado. Meu contexto de sala de aula aborda a música como
um elemento gostoso, prazeroso que envolve e encanta, e baseia-se na minha
história de vida que também é a minha história profissional. Acredito que a
música tem que fazer parte do contexto diário ou, no mínimo, em aulas
permanentes durante a semana; pois, além de proporcionar alegria às crianças,
trabalha com outras questões como o ritmo, freio inibitório, tons de voz,
linguagem. A música é muito importante em qualquer nível, na educação. Tudo que
se deseja desenvolver: atenção; prazer; concentração; participação; memória,
etc., é a música o elemento fundamental, é o convite .
A linguagem musical é uma forma
de organizar os sons, estabelecendo relações e gerando significados. […] E é
justamente a autoria o que me chama mais atenção na música, ou seja, a
possibilidade do aluno criar e ser inventor de outros possíveis. Acredito,
porém, que muitos professores não têm clareza de que a música trabalha a
emoção, a percepção, a expressão e a criação poética, a partir da improvisação,
interpretação, imitação e composição, onde o aluno passa por várias etapas de
desenvolvimento nessa construção. Procuro garantir momentos prazerosos,
divertidos na vivência e exploração das diferentes músicas, explorando aspectos
relacionados à música, ampliando o repertório das crianças, a escuta/fazer
musical (canto, apreciação, improvisação. Procuro trabalhar a música como mais
uma das linguagens infantis e como uma forte possibilidade de integração e
estreitamento de vínculos entre criança e professor e entre as próprias
crianças. Considero a música uma forma de expressão da criança (e do adulto
também). Utilizamos a música considerando-a como meio de expressão, linguagem, como
meio para desenvolver autoestima, integração social e autoconhecimento através
da produção e apreciação. Segundo Souza et al. (2002, p. 71), “buscar o
desenvolvimento da capacidade musical dos alunos não exclui, necessariamente,
tratar a música sob a perspectiva da inter/multi/transdisciplinaridade ou como
meio de desenvolver outras capacidades”.
Para Zabalza (1998, p. 52), embora o
crescimento infantil seja um processo global e interligado, não se produz nem
de maneira homogênea nem automática. Cada área de desenvolvimento exige
intervenções que o reforcem e vão estabelecendo as bases para um progresso
equilibrado do conjunto. [...] Sem dúvida, todas essas capacidades estão
vinculadas (neurológica, intelectual, emocionalmente), mas pertencem a âmbitos
diferentes e requerem, portanto, processos (atividades, materiais, orientações,
etc.) bem diferenciados de ação didática. Isso, obviamente, não impede que
diversas dessas atividades especializadas estejam reunidas em uma atividade
mais global e integradora: em um jogo podemos incorporar atividades de diversos
tipos: uma unidade didática ou um projeto reunirá muitas atividades
diferenciadas, etc. Destaco a importância da música relacionando-a a argumentos
que poderiam ser transversais às demais áreas do conhecimento, com as quais a
música também poderia dialogar e ter uma visão global de diferentes aspectos a
serem desenvolvidos na educação das crianças dessa faixa. Para construir
conhecimento a criança precisa ser desafiada a buscar, a descobrir, a levantar
hipóteses, a buscar soluções, a inventar outros possíveis. Para Bellochio
(2000, f. 119-120), o professor unidocente precisa trabalhar na perspectiva
[...] de organizar os conhecimentos, potencializar a educação escolar e ensinar
a criança a pensar e tomar decisões, considerando os em tornos sociais dos
locais de aprendizagem. Para tanto impõe-se a esse profissional a tarefa de ser
um mediador ativo e conhecedor crítico dos percursos epistemológicos que
orientam os aprendizados iniciais de seus alunos nos vários campos do
conhecimento. Não significa pensá-lo como “um sujeito” isolado em seus
processos de decisão profissional, que não problematiza as práticas educativas,
tornando-se apenas cumpridor de carga horária e de currículos construídos por
outros. Todavia, o conhecimento musical específico de alguns professores parece não ser suficiente para que
eles, na sua maioria, possam justificar a presença da música também com
argumentos baseados em elementos específicos da música. Pois teremos todo o suporte
nesse blog para que pais, alunos e professores que desejarem trabalhar com
musica na educação infantil ou com adolescentes e adultos.
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